Autor: Elano Paula em sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Certo dia, jamais se soube quando, uma hemácia superdotada, inteligência privilegiada, reuniu suas amigas mais íntimas, num anfiteatro, montado no baço, ou talvez no fígado de alguém onde habitavam, para lhes contar uma descoberta. Imaginem uma hemácia, um vírus, um leucócito, enfim, qualquer organismo microscópico, nascido e criado dentro de um corpo humano, sem jamais haver tomado conhecimento do mundo exterior. Eles nasceram, vivem e morrerão sem saber sequer que há o ar, a luz, a vida fora dali.
Foi assim, para esse tipo de platéia, para ouvintes dessa categoria, todos do tipo São Tomé, que a hemácia ousou falar:
- “Descobri, por intuição, que moramos nós todos em um corpo. Nós nascemos dentro de um corpo. E, mais importante ainda, num corpo que se movimenta, tem vida e morrerá um dia . Além de tudo isso, num corpo que PENSA!”
Foi grande a celeuma. Como poderiam eles viver em um corpo? Fariam parte de uma vida? E essa vida faria parte de outra? Pensar? Como? Isso seriam prerrogativa delas ou haveriam outros corpos com outras colegas delas?. Fora dali, da terra deles, haveria mais ¨terras¨ ?
As duvidas, geraram indagações, discussões e tudo terminou na clássica solução dada a problemas daquele tipo. Pelo menos àquela época. E lá se foi a pobre hemácia para a fogueira, assim como fora Joana d’ Arc e uma centena de grandes figuras da história.
Imaginem, meus caros leitores, se nos fosse permitido, a nós humanos, tanta ousadia. Imaginem só se um de nós, como fez aquela hemácia, dissesse:
- Moramos todos em um corpo ! E num corpo que PENSA !”
Antes que nos levem à fogueira, deixem-nos tecer alguns comentários sobre o tema.
Nosso corpo físico é composto de células que se formam de moléculas apinhadas de átomos. Cada átomo, molécula, célula, aparelho ou órgão têm suas vidas próprias e maneiras peculiares de vivê-las, embora dependam do nosso organismo como um todo. Eles, de certa forma, também exercem pressão sobre esse TODO orgânico, obrigando-o a praticar atividades que lhes são simpáticas ou fundamentais.
Há uma interdependência, gerando uma limitação de liberdade das partes e do todo. Com os nossos órgãos ninguém faz o que quer impunemente.
Também o Sistema Solar, para ficarmos aqui por perto, é formado de organismos que vivem suas vidas particulares, recebendo energia de um globo central, de um núcleo. As linhas de força magnética, fazendo o papel das veias, artérias e nervos, vão providenciando a circulação da energia solar. Minerais, vegetais, animais, seres humanos e outras entidades, todos na dependência da energia, e nela influindo, vivem num permanente e recíproco dar e receber. Por seu turno, o Sistema Solar é uma expressão viva de algo superior, de outras galáxias, até o Infinito. E quanto mais perto do Infinito estamos, mais infinitamente longe dele nos encontramos.
O nosso Sol, este que nos reflete seu corpo físico diariamente, também tem o seu EU imperceptível, como o nosso, vivendo em estágios diversos entre seres de hierarquias superiores.
Dizer-se que nós vivemos no corpo de um ser - a Terra - que tem também o seu EU imperceptível, vai dar fogueira, certamente. Entretanto, mesmo sem o abandono da lógica científica, essas “novidades” precisam ser postas na mesa. Do contrário. nada teríamos a escrever aqui.
Os minúsculos seres que vivem em nosso organismo elegeram-nos seus deuses. Nossa vontade os alimenta, os extermina, sem que eles disso tomem qualquer notícia. Eles, como nós, não sabem de nada.
Também não se apercebem de que as nossas consciências possam ser a síntese, o somatório das consciências deles, através de seus átomos que são os formadores das consciências físicas. Morrendo a consciência, morrerão suas integrações, seus dependentes.
Se nós sairmos do pequeno, do micro, subindo a escala evolutiva, chegaremos ao grande, ao infinitamente grande, porque um é formado dos outros.
Em relação à Terra, somos equivalentes a um desses minúsculos seres que habitam o corpo humano. Somos hemácias. Tal como nossas células, vivem em função de nossa vida, nutrem-se dos alimentos que ingerimos, nós também dependemos delas, vivemos em função da vida delas, numa total interdependência de ações físicas. Uma verdadeira, embora pouco admitida, simbiose.
Cuidemos dos que vivem em nosso corpo para melhor cuidarmos do corpo em que vivemos.
É claro que acreditar nessas bobagens será conversa. Seria até melhor que ninguém acreditasse; apenas, pensasse, meditasse, fazendo suas analogias e depois...
Bem, depois até a fogueira poderia ser bem-vinda.
http://www.maranguape.blog.br/Polemica.asp?Cod=0&cap=6&paginaatual=Polemica
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